Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica busca trazer a força e a profundidade da tradição litúrgica para o homem dos tempos de hoje. Porém, algumas ações pastorais podem vir a ferir a essência dos atos litúrgicos. O papa emérito Bento XVI sempre defendeu a formação e a interioridade como ferramentas necessárias para que a liturgia seja vivida de modo autêntico e fiel aos seus princípios.
O pontífice buscou unir as necessidades e os anseios contemporâneos à tradição da Igreja, que tem na liturgia sua expressão máxima. Ao longo do seu pontificado, Bento XVI deixou inúmeras catequeses, pronunciamentos e livros escritos que abordam a essência da liturgia.
“A liturgia é o ato em que acreditamos que Ele vem entre nós e nós o tocamos. É o ato em que o essencial é realizado: entramos em contato com Deus, Ele vem a nós e somos iluminados por ele”. (Bento XVI, Luz do Mundo , Libreria Editrice Vaticana, Cidade do Vaticano 2010)
A reforma litúrgica do pontificado de Bento XVI
Em meio as, assim chamadas por Ratzinger, “experimentações pós-conciliares”, houve muitos excessos, a ponto de transformar atos litúrgicos em apresentações lúdicas. Essa preocupação levou o papa emérito a buscar maneiras de evidenciar qual o lugar da comunidade na liturgia. Em um discurso para os bispos suíços em 2006, Bento XVI afirmou que “a liturgia não é uma ‘auto-manifestação’ da comunidade que, como dizemos, entra em cena, mas é a saída da comunidade do simples ‘ser-se’ para entrar no grande banquete dos pobres, na grande comunidade viva, na qual o próprio Deus nos alimenta. Este caráter universal da liturgia deve novamente entrar na consciência de todos”.
Um dos pontos fortes do seu pontificado foi retomar o espírito conciliar do Vaticano II e fomentar na Igreja uma purificação capaz de atingir as interpretações equivocadas da liturgia. A proposta do papa alemão chegou a ser chamada de “reforma da reforma”, e para tal, continua no pontificado do papa Francisco.
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Eucaristia, o centro da liturgia
Com sua exortação pós-sinodal Sacramentum Caritatis, o papa Bento XVI recapitulou toda teologia eucarística pela ótica do amor. De modo que, o serviço da liturgia, a adoração, o ministério sacerdotal, tudo é expressão do imenso Amor de Deus pelos homens atualizado na Eucaristia.
Nesta exortação, ele reforçou os mais de 50 pontos refletidos pelo sínodo eucarístico, além de renovar nos fiéis o amor e o zelo pela Eucaristia.
Seu legado deixou ainda mais evidente o papel do sacerdote na celebração, e sua preocupação com o perigo da clericalização.
Liturgia e espiritualidade
É inegável perceber nos escritos e pronunciamentos do papa Bento XVI uma interioridade profunda. Uma união estreita entre fé e razão que cativa e atrai.
Quanto à liturgia, o papa emérito sempre demonstrou profundo respeito e espiritualidade em cada gesto e ação litúrgica. “Quando o olhar em Deus não é decisivo, todo o resto perde sua orientação”. (Bento XVI, Prefácio ao volume inicial de meus escritos).
Para ele, a liturgia é um encontro entre Deus e o seu povo, que caminha em busca de suas palavras e direção. Portanto, o protagonismo na liturgia parte do Senhor que busca os seus e os chama para si. Só é possível essa experiência real quando se abre o coração para escuta da voz de Deus e seus sinais visíveis nos sacramentos.
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