Como uma jovem freira, que faleceu com apenas 24 anos, que desde os 15 viveu reclusa num convento, tem algo a nos ensinar sobre a missão de todo cristão? e como se tornou padroeira das missões? A resposta é bem simples: pela vivência do amor.
Santa Teresinha sabia que a sua vocação dentro da Igreja é o amor. “No coração da Igreja eu serei o amor”, escreveu ela em suas anotações. Mais do que isso, ela tinha consciência de que cada pessoa criada por Deus foi feita para amar.
A missão do cristão
Todos os cristãos são convocados pela Igreja a dar continuidade na missão de Jesus aqui na terra, missão que foi assumida pelos apóstolos, pela Igreja, da qual cada um de nós faz parte. Santa Teresinha teve o desejo desmedido de ser missionária: “… quereria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo… Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos, mas queria tê-lo sido desde o princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos”, anotou ela em sua autobiografia que foi publicada em 1898 com o título “História de uma alma”.
Mas como ela poderia ser missionária de dentro de um convento? Em oração e intimidade com Deus, decifrou: “Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário […]; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue”.
A santa teve a compreensão do que todo cristão deve buscar para si: “compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno”.
O legado de Santa Teresinha para nós
Santa Teresinha costumava meditar a vida dos santos. Ela se encantava com as virtudes e as penitências a que eles se submetiam. Comparando-se com eles, sentia-se um nada, como um pequeno grão de areia, diante de Deus. Mas isso não lhe foi motivo para se afastar de Deus ou da sua missão, serviu, antes, para se aproximar ainda mais Dele. Ela buscou a santidade com todas as suas forças, e dizia: “O que em minha alma agrada ao bom Deus é ver o amor que tenho à minha pequenez e à minha pobreza, é a minha esperança cega em sua misericórdia”. E admitindo sua fraqueza, pedia a Jesus que a carregasse em Seus braços em direção ao “cume da perfeição”.
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Perfeição no amor
Aprendemos com Santa Teresinha que a perfeição é alcançada no amor. Tudo deve ser feito com amor: as pequenas coisas, os pequenos gestos, as obrigações de todos os dias, as grandes responsabilidades, e, principalmente, no cumprimento da nossa missão como Filhos de Deus é o amor que deve nos conduzir. “Sigamos o caminho da simplicidade. Entreguemo-nos com todo o nosso ser ao amor. Em tudo busquemos fazer a vontade de Deus. O zelo pela salvação das pessoas devore nosso coração”, afirmou.
Teresinha ensinou sobre a “Infância Espiritual”, que nada mais é do que colocar-se diante de Deus como crianças, indefesas, reconhecendo as próprias fraquezas, e que assim, neste gesto de humildade, atrair não somente o olhar de Deus, mas alcançamos a Sua bondade e misericórdia. Seguindo assim pela “pequena via”, descrita por ela como um caminho pelo qual devemos seguir com simplicidade, sem êxtases ou grandes penitências, mas com a sabedoria de tudo executar com amor.
Padroeira das missões
Foi devido ao seu intenso desejo de amar a Deus e de através do amor levar as pessoas até Ele que Santa Teresinha recebeu o título de padroeira das missões ao ser canonizada em 1927 pelo Papa Pio XI. Mas não somente por esse motivo.
Durante algum tempo Teresinha empenhou-se por sustentar o trabalho apostólico de dois missionários que desempenhavam suas funções pastorais um na China e outro na África. Por esses sacerdotes, a quem chamava de irmãos espirituais, ela rezava incansavelmente para que Deus providenciasse tudo quanto eles necessitavam para cumprir com sua missão de evangelização. Além disso trocava com eles correspondências. Numa dessas cartas escritas por Santa Teresa, lemos: “Trabalhemos juntos na salvação das almas. Não temos senão o único dia da nossa vida para salva-las e assim dar ao Senhor as provas do nosso amor” (Carta 220).
Que para nós, assim como foi para Santa Teresinha, ser missionário dependa somente do amor e que busquemos, a seu exemplo, contemplar no outro a pessoa de Jesus.
Santa Teresinha foi acolhida no Reino de Deus no dia 30 de setembro de 1897 – no auge de sua juventude. “Meu Deus, eu Vos amo!”, foram suas últimas palavras. Em 1997, pela riqueza espiritual de sua autobiografia e de seus escritos, São João Paulo II proclamou Santa Teresa Doutora da Igreja – a mulher mais jovem, até então, a receber esse título.