Reunimos a súmula do ensinamento de 5 influentes santos a respeito de sacerdócio. Cada um, à sua maneira, traz preciosos ensinamentos e reflexões que podem servir de lição no exercício de sacerdotes. Por meio destas palavras é o próprio Deus que se dirige à sua Igreja.
São João Maria Vianey
Declarado padroeiro dos sacerdotes, São João Maria Vianey procurava em tudo ser obediente a Deus e repetia com convicção a resolução que tomou para sua vida: “Fazer só aquilo que pode ser oferecido ao bom Deus”. Dos seus escritos, extraímos algumas pérolas sobre o trabalho pastoral dos sacerdotes:
“Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da Misericórdia Divina”.
“Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!”.
“Se um padre vier a morrer em consequência dos trabalhos e sofrimentos suportados pela glória de Deus e a salvação das almas não seria nada mal.”
“Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há apenas uma: servi-lo como Ele quer ser servido”.
São João Paulo II
O Papa João Paulo II fala sobre a importância e necessidade da oração na vida sacerdotal, já que a oração é o alimento da alma:
“Nestes últimos anos – pelo menos em certos ambientes – talvez se tenha discutido demasiado sobre o sacerdócio, sobre a ‘identidade’ do sacerdote, sobre o valor da sua presença no mundo contemporâneo, etc. Mas, talvez se tenha rezado demasiado pouco.
Não houve ardor bastante para realizar o sacerdócio através da oração, para tornar eficaz o seu autêntico dinamismo evangélico e para confirmar a identidade sacerdotal. E a oração que dá o estilo essencial do sacerdócio. Sem ela, esse estilo deforma-se. A oração ajuda-nos a reencontrar a luz que nos guiou desde os inícios da nossa vocação sacerdotal, e que incessantemente nos guia, embora algumas vezes pareça ficar perdida na escuridão. A oração é que permite converter-nos continuamente, permanecer em estado de constante tensão para Deus, o que é indispensável para conduzir os outros para Ele.
A oração ajuda-nos a crer, a esperar e a amar, mesmo quando a isso se opõe a nossa fraqueza humana. A oração permite-nos, ainda, redescobrir continuamente as dimensões daquele Reino, cuja vinda suplicamos todos os dias, ao repetir as palavras que Cristo nos ensinou. Damo -nos então conta do nosso lugar na realização desta petição: ‘Venha a nós o vosso Reino’. Vemos assim quanto somos necessários para que ela se torne realidade. Talvez, ao rezar, descobrimos mais facilmente aqueles ‘campos que já branquejam para a ceifa’ (Jo 4,35) e compreendamos melhor o significado das palavras que Cristo pronunciou ao entrevê-los: ‘Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe’ (Mt 9,38).”
Santa Faustina Kowalska
Freira polonesa, conhecida como a secretária da Misericórdia Divina, Santa Faustina enaltece, em seu Diário, a dignidade do sacerdote e do quanto ele é o próprio Cristo para com os fiéis:
“Ó sacerdotes, vós, velas acesas a iluminar as almas, que o vosso brilho nunca seja obscurecido!”.
“Ó Jesus, dai-nos sacerdotes zelosos e santos. Oh, que grande é a dignidade do sacerdote, mas também que grande é a sua responsabilidade. Muito te foi dado, ó sacerdote, mas também muito será exigido de ti…”.
“Nosso Senhor defende muito os seus representantes na terra. Está intimamente unido com eles e manda sobrepor o ponto de vista deles ao seu próprio. Conheci a grande familiaridade que existe entre Cristo e o sacerdote. Jesus defende o que diz o sacerdote e, muitas vezes, se molda com seus desejos, fazendo depender do ponto de vista do sacerdote o seu relacionamento com a alma. Nas graças especiais conheci muito bem até que ponto partilhais com eles o poder e o mistério, ó Jesus, mais do que com os anjos” (Diário 75, 941 e 1240).
São João Crisóstomo
Sacerdote que chegou a arcebispo, João Crisóstomo ficou conhecido como o maior pregador da Igreja primitiva. Suas reflexões sobre a oração são citadas no Catecismo da Igreja Católica. Em um de seus escritos dedicado exclusivamente aos sacerdotes, ele aconselha:
“A alma do sacerdote deve ser mais pura do que os raios do sol, a fim de que o Espírito Santo não o abandone e ele possa dizer realmente: ‘Eu já não vivo: é Cristo que vive em mim’ (Gl 2.20).
São os sacerdotes que sofrem ‘as dores de parto’ (Gl 4, 19) e a quem se confiou o poder de gerar nova vida por meio do Batismo; por intermédio deles nos revestimos do Filho de Deus e, ligando-nos a Ele, nos tornamos membros de Cristo. Por isto convém que respeitemos os sacerdotes mais do que os soberanos e reis, e que eles de nós mereçam veneração maior do que nossos próprios pais. Porque estes nos fizeram nascer de sangue e da vontade carnal e aqueles nos deram o renascimento de Deus para a verdadeira liberdade dos filhos de Deus.
Deus revestiu os sacerdotes de encargos superiores aos dos próprios pais. Entre ambos existe diferença tão grande como a existente entre a vida presente e a futura. Estes geram a vida presente, aqueles a futura. E conquanto estes não consigam preservar seus filhos da morte e de qualquer doença sequer, aqueles, muitas vezes, já salvaram almas do perigo de se perderem. E isso, uma vez usando de suave censura, outra vez usando da força da punição e da oração. Pois não só por ocasião de nos fazerem renascer, mas também em seguida possuem o poder de perdoar-nos os nossos pecados”.
Santo Afonso Maria Ligório
Antes de se tornar sacerdote, Afonso Ligório fez carreira como advogado. Mas quando decidiu ouvir o chamado de Deus, deixou tudo e se entregou por completo a vocação sacerdotal. Fundou a Congregação dos Padres Redentoristas e publicou muitos livros com preciosos ensinamentos. Aqui destacamos sua indicação de que para amar a Jesus precisamos meditar no momento máximo do amor de Cristo por nós na sua Paixão Redentora:
“Não existe meditação mais útil do que “a Paixão do Redentor”.‘O Calvário é a montanha das pessoas que amam’. Quem ama a Jesus Cristo sempre faz sua meditação sobre esta montanha, onde não se respira outro ar senão o amor de Deus. Vendo um Deus que morre por nosso amor e porque nos ama – ‘amou-nos e se entregou por nós’ – é impossível não o amar intensamente.
Das chagas de Jesus Crucificado saem continuamente flechas de amor que ferem os corações mais duros. Feliz aquele que faz continuamente nesta vida a sua meditação sobre o monte Calvário! Montanha feliz, amável, querida, quem se afastará de ti? Desprendendo fogo, abrasas as pessoas que moram permanentemente sobre ti!”.
Referência bibliográfica e indicações de leitura:
Intimidade com Deus: pensamentos de São João maria Vianney – o Cura D’ars
Carta aos sacerdotes de João Paulo II (1979)
Sobre o sacerdócio. São João Crisóstomo
Diário de Santa Faustina Kowalka
A prática do amor a Jesus Cristo. Santo Afonso de Ligório.